domingo, 25 de outubro de 2009

12 - “A ocasião é propria.”

O remetente:


Pedro Pereira Graça

Bairro Santa Catarina, n.o 11, 1o D.t Dafundo

Lisboa


O destinatário:


Ex.o Sr.

Manuel Pereira Graça

Fábrica de Vidros Melo

Marinha Grande


O conteúdo:



“Lisboa 17/7/43


Amigo e irmão a tua saúde assim como a da restante família é o que desejo eu e os meus todos bem.


Recebi a tua carta. Sobre a saúde do pai pouco ou nada há a esperar. Assim continuará até ao resto da vida.


Aqui há tempos quando escrevi ao cunhado Bartolomeu pedi-lhe para vocês aí chamarem um desses homens que tiram retratos á ala minute e tirar um retrato ao pai e outro á mãi. Ou ele trata-se disso ou não; pedia-te também que me fizesses êsse favor que eu quando aí for lhes pago a importância que gastaram. Peço-vos por tudo que lhe mandem tirar o retrato, tanto ao pai como à mãi.


Recebes-te aí algum dinheiro que o Manuel Lavrador te desse? Caso êle te dê 18$00 escudo rebe-os porque foi de uma garrafa que lhe mandei para êle pelo Pedro Oliveira.


Então sobre o teu maçarico já fazes ampolas? O teu patrão Aurélio´já te deixa ires trabalhar para a fábrica dêle ás tardes? O que pensas tu fazer? Eu aqui há muito que venho estudando o assunto, só agora resolvi porporte aquilo que penso, assim tu concordes e os outros. O que eu pensei é o seguinte: eu, tu, e os dois cunhados fazer-mos todos uma sociedade onde todos trabalhássemos para assim melhor governar a vida. E assim cada um recebia consuante o seu trabalho.


Aqui á tempos falei aqui com um individuo que me ficava com todas as ampolas que eu arranjá-se. Se isso se combinar eu vou novamente falar com ele e nós vamos todos os 4 trabalhar tanto em ampolas como em outros artigos. Caso concordes com isto que exponho manda-me dizer para então eu ir á Marinha e falar-mos mais detalhadamente nós e os cunhados sobre o assunto. Há muita coisa no vidro que se pode fazer e com pouco trabalho. A questão é nós lançar-mos na vida. A ocasião é propria.


A Alda ainda não fez o exame da 4.a classe.


Eu logo que tenha resposta a esta carta, sobre o assunto que nela trato, vou á Marinha. Para isso eu pedia-te tanto a ti como ao cunha Bartolomeu se me compravam aí 5 litros de azeite para eu trazer quando lá fosse, pois que não tenho nenhum nem possibilidades em o arranjar aqui.


Tenho aqui um pouco de sabão para mandar, logo que possa o mando. Sem mais, cumprimentos para todos e tu de mim recebe um grande abraço deste teu irmão.


Pedro Pereira Graça


O Cesário já foi posto em liberdade?


Porque foi ele preso?”





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