sexta-feira, 30 de outubro de 2009

03 - O PATRIARCA DA ARGENTINA PROTESTA


Serviço de Informação

da

Legação da Alemanha

BOLETIM SEMANAL

LISBOA, 25 de Setembro de 1943

R. Buenos Aires, 25-r/c.E.

(Continuação)

O PATRIARCA DA ARGENTINA PROTESTA CONTRA AS MENTIRAS DA AGITAÇÃO SOVIÉTICA

O jornal «Ya» informa de Buenos Aires, que o Patriarca da Igreja Ortodoxa russa na Argentina, Zrastzoff, que até 1916 foi chefe de tôdas as dioceses por êle fundadas na América do Sul, protesta energicamente contra a pretensa proclamação soviética de Liberdade de Religião», acusando o Govêrno de Moscovo de mentir descaradamente para fins de propaganda. Apurou-se que a «Liberdade de Religião» garantida por Moscovo, em desacôrdo com a Constituição de 1936, se compõe dos seguintes factos: «Roubo de bens da Igreja e seus tesouros; proïbição de imprimir todo e qualquer escrito religioso e todos os livros; proïbição de instruir padres; encerramento de todos os seminários; extracção de lições de religião nos programas das escolas; proïbição do baptismo até aos 18 anos; castigo de tôdas as mães que experimentem influenciar religiosamente os seus filhos; recusa absoluta de assistência religiosa aos soldados moribundos, em campanha, etc. Isto não é liberdade de religião, mas a pior perseguição à fé cristã e activo ateísmo. A União Soviética pode proclamar e fazer o que quiser – são as últimas palavras desta informação - «mas a Igreja, agora como sempre, terá que padecer sob esta cruel perseguição dum regime ateu, mesmo que êle, por motivo de propaganda, nomeasse um Patriarca».






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quinta-feira, 29 de outubro de 2009

02 - AS ASPIRAÇÕES DE MOSCOVO NOS BALCÃS


Serviço de Informação

da

Legação da Alemanha

BOLETIM SEMANAL

LISBOA, 25 de Setembro de 1943

R. Buenos Aires, 25-r/c.E.

(Continuação)

AS ASPIRAÇÕES DE MOSCOVO NOS BALCÃS

O afamado ditador soviético Dimitroff escreveu um artigo no jornal «Prawda», em que o conhecido agitador do Komintern dirigiu um ataque à Bulgária, intimando-a a seguir o exemplo da Itália. De contrário, a potência soviética em relação à Bulgária em breve estaria esgotada. É claro que Moscovo considera chegado o momento de activar as suas conhecidas aspirações sobre os territórios dos Balcãs. As exigências de Moscovo à Bulgária, formuladas por Dimitroff, demonstram ao mesmo tempo, indirectamente, o renascimento do Komintern, cujo pretenso «liquidador» em verdade deve ser considerado o seu «animador». Nesta conjectura interessa mencionar um informação do jornal «Aftentidningch»; sempre muito bem orientado sôbre as relações anglo-soviéticas; em conseqüência das quais chegaram à Jugoslávia oficiais soviéticos, por motivo da intensificação das lutas de guerrilhas. Além destas agitações políticas do Komintern nas regiões dos Balcãs, também entra agora em acção a fôrça militar de Moscovo.







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quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Manu Scriptum - XX [Parte 1]

Manu Scriptum - XX [Parte 1]




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01 - …intenções aliadas de entregar a Europa aos bolchevistas



Serviço de Informação

da

Legação da Alemanha

BOLETIM SEMANAL

LISBOA, 25 de Setembro de 1943

R. Buenos Aires, 25-r/c.E.

«La Prensa» combate as intenções aliadas de entregar a Europa aos bolchevistas


O jornal espanhol «La Prensa» ocupa-se das últimas informações de Nova-Iorque, publicadas nos jornais espanhóis, segundo as quais uma grande parte da Imprensa dos Estados Unidos da América trata das pretensões soviéticas. Especialmente o «Daily News», de Nova-Iorque, fala na satisfação das exigências soviéticas em relação à Filândia, Polónia e países bálticos, àcêrca da anulação dos postulados da «Carta do Atlântico». «La Prensa» pregunta indignadamente porque motivo a Inglaterra e a França declararam guerra à Alemanha, porque é que os Estados Unidos, desde a crise checoslovaca, tomaram uma atitude agressiva contra o Reich, e porque é que milhões de pessoas sustentam uma luta de morte em tôdas as «frentes».


A Grã-Bretanha, assim diz aquêle jornal, tinha prometido a integridade da Polónia, opondo-se ao resultado do escrutínio sobre o regresso da cidade alemã de Dantzig ao Reich. A Inglaterra pegou em armas para restabelecer a escravidão de Dantzig e do «corredor» polaco, e hoje, depois de quatro anos da mais horrífica sangueira que o Mundo jamais viu, admite-se que o Tratado de Versalhes criou uma Polónia artificial, uma Checoslováquia sintética e uma falsa Jugoslávia.


Para imortalizar êstes rebanhos agitadores, os anglo-saxões fizeram eclodir a segunda Guerra Mundial.


Depois da Europa ter chorado por mais de 5 milhões de mortos, depois de tôdas as nações do continente terem sido submetidas a êstes horrores, ocorreu à Imprensa dos Estados-Unidos dizer que as Nações Unidas não lutam pela «Carta do Atlântico», mas sim para que os povos da Europa sejam entregues, desarmados, à voracidade bolchevista.





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terça-feira, 27 de outubro de 2009

PARTE 2 - BOLETIM DE INFORMAÇÕES



A segunda parte desta pequena colecção de manuscritos circulados é a reprodução de um que, embora não contenha manuscritos, abriga três boletins dactilografados de 1943, um do “Serviço de Informação da Legação da Alemanha”, incompleto, e dois da “Secção de Imprensa” da Embaixada Britânica.



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segunda-feira, 26 de outubro de 2009

13 - “…O número de telefone é 124.”

O remetente:

Remetente Pedro Pereira Graça

Bairro Santa Catarina, n.o 11 1 D.t Dafundo

Lisboa

O destinatário:

Ex.o Sr.

Manuel Pereira Graça

Fábrica de Vidros Melo

Marinha Grande

O conteúdo:

“Lisboa 13/9/43

Amigo e irmão estimo a saude de todos nós por aqui vamos todos bem. Então as melhoras do nosso pai como vão?

Quando cheguei a Lisboa escrevi-te um postal com o número do telefone para onde devem telefonar, em caso de urgência, aos sabados depois da uma hora da tarde e durante o domingo desde as 9 da manhã até as 9 da noite. O número de telefone é 124.

Logo que recebas esta carta vai um dia depois á estação para levantares as cestas que eu trouxe quando vim. Vai dentro das cestas um saco que é para a Rosa encher de camisas, e umas meãs que são da mãi e da Etelvina, vai também um pouco de bacalhau ai para casa. Segue também uma garra-termo que se fizeres o favor entrega-la ao António Moreira.

Logo que a Maria tenha os sacos das camisas cheias fás-me favor á estação e despacha-mos para aqui, a pagar cá.

Depacha-os para Pedro Pereira Graça

Bairro Santa Catarina, n.o 15 r/c D.t Dafundo

Estação = Algés

Lisboa

Segue nesta carta a guia do caminho de ferro do depacho dos cestos e com a vai levantá-las.

Sem mais: cumprimentos para todos e tu recebe de mim um grande abraço deste teu irmão.

Pedro Pereira Graça”






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domingo, 25 de outubro de 2009

12 - “A ocasião é propria.”

O remetente:


Pedro Pereira Graça

Bairro Santa Catarina, n.o 11, 1o D.t Dafundo

Lisboa


O destinatário:


Ex.o Sr.

Manuel Pereira Graça

Fábrica de Vidros Melo

Marinha Grande


O conteúdo:



“Lisboa 17/7/43


Amigo e irmão a tua saúde assim como a da restante família é o que desejo eu e os meus todos bem.


Recebi a tua carta. Sobre a saúde do pai pouco ou nada há a esperar. Assim continuará até ao resto da vida.


Aqui há tempos quando escrevi ao cunhado Bartolomeu pedi-lhe para vocês aí chamarem um desses homens que tiram retratos á ala minute e tirar um retrato ao pai e outro á mãi. Ou ele trata-se disso ou não; pedia-te também que me fizesses êsse favor que eu quando aí for lhes pago a importância que gastaram. Peço-vos por tudo que lhe mandem tirar o retrato, tanto ao pai como à mãi.


Recebes-te aí algum dinheiro que o Manuel Lavrador te desse? Caso êle te dê 18$00 escudo rebe-os porque foi de uma garrafa que lhe mandei para êle pelo Pedro Oliveira.


Então sobre o teu maçarico já fazes ampolas? O teu patrão Aurélio´já te deixa ires trabalhar para a fábrica dêle ás tardes? O que pensas tu fazer? Eu aqui há muito que venho estudando o assunto, só agora resolvi porporte aquilo que penso, assim tu concordes e os outros. O que eu pensei é o seguinte: eu, tu, e os dois cunhados fazer-mos todos uma sociedade onde todos trabalhássemos para assim melhor governar a vida. E assim cada um recebia consuante o seu trabalho.


Aqui á tempos falei aqui com um individuo que me ficava com todas as ampolas que eu arranjá-se. Se isso se combinar eu vou novamente falar com ele e nós vamos todos os 4 trabalhar tanto em ampolas como em outros artigos. Caso concordes com isto que exponho manda-me dizer para então eu ir á Marinha e falar-mos mais detalhadamente nós e os cunhados sobre o assunto. Há muita coisa no vidro que se pode fazer e com pouco trabalho. A questão é nós lançar-mos na vida. A ocasião é propria.


A Alda ainda não fez o exame da 4.a classe.


Eu logo que tenha resposta a esta carta, sobre o assunto que nela trato, vou á Marinha. Para isso eu pedia-te tanto a ti como ao cunha Bartolomeu se me compravam aí 5 litros de azeite para eu trazer quando lá fosse, pois que não tenho nenhum nem possibilidades em o arranjar aqui.


Tenho aqui um pouco de sabão para mandar, logo que possa o mando. Sem mais, cumprimentos para todos e tu de mim recebe um grande abraço deste teu irmão.


Pedro Pereira Graça


O Cesário já foi posto em liberdade?


Porque foi ele preso?”





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sábado, 24 de outubro de 2009

11 - “Tenho a dizer-vos que cheguei bem.”




O destinatário:


Ex.o Sr.


António Pereira Graça


Fábrica de Vidros Melo


Marinha Grande


O conteúdo:



“Dafundo, 16 de Dezembro de 1941


Meu pai muito estimo que esta minha carta os vá encontrar de saude que eu bem. Tenho a dizer-vos que cheguei bem. Quando cheguei à estação do Rossio já o Pedro lá estava à minha espera para me acompanhar a casa del.


Não façam conta comigo antes de Domingo porque só vou a noite no comboio que chega ai ás 11 horas da noite. A Alda manda muitos beijos e abraços para vocês todos. Com isto termino.


Adeus até Domingo


Manuel Pereira Graça”





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sexta-feira, 23 de outubro de 2009

10 - “Ia custando ma foi.”


O remetente:

Pedro Pereira Graça

Bairro Santa Catarina, n.o 11, 1o D.t Dafundo

Lisboa

O destinatário:

Ex.o Sr.

Manuel Pereira Graça

Fábrica de Vidros Melo

Marinha Grande

O conteúdo:

“Lisboa 1/12/1941

Manuel antes de tudo estimo a saúdos nossos pais assim como a restante família incloindo tu também.

Manuel já com esta é a 3.a carta que vos escrevo, sem que, me dei resposta a nenhuma. O motivo porque vocês o têm feito e continuem a fazer não sei nem posso saber. Há momentos que pregunto a mim mesmo se anida tenho família na terra, pois que, há 3 ou 4 longos meses que não tenho notícias de vós, por isso não sei se são vivos ou mortos.

A que se deve esta auxência de correspondência? Pela minha parte não sei dezer. Às 3 cartas que escrevo, creio ser o suficiente para ter demonstrado que anido os não esqueci. Porem, parece-me que da vossa parte tal se não dá, porque ainda que durante este tempo não tevesse escrito, já teriam o dever de o ter feito a saber o que havia da minha parte e as razões porque não escrevia. Mas 3 cartas é alguma coisa e 3 ou 4 meses também é muito tempo embora pareça que não.

Nas cartas que escrevi pedia para que, mandássem dizer o que havia quanto ás contas e despesas da casa, isto é, tudo quanto havi, mas até agora ainda nada sei sobre o assunto. Por isso vos peço que quando resolverem escrever digam alguma coisa sobre esta questão.

Sem mais, muitos cumprimentos para toda a família, um abraço para o pai outro para mãe e tu recebe também um assim como a Josefina e a Alda também recomendo

A minha Isabel começou agora a andar. Ia custando ma foi. Já está bem cara mas tenho-lhe feito pela vida tudo quanto era possível a um pai.

Como vai por ai a vida? Por aqui tudo muito mau mas vamos indo enquanto Deus quiser.

Pedro Pereira Graça”





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quinta-feira, 22 de outubro de 2009

09 - “Então os estragos por ai foram grandes não?”




O destinatário:


Ex.o Sr.


António Pereira Graça


Fábrica de Vidros Melo


Marinha Grande


O conteúdo:


“Lisboa – 11-3-941


Meus pais desejo a vossa saude assim como de toda a família que eu e os meus por agora vamos indo bem. A Alda e a Isabel tem estado doentes. Na altura em que recebi a vossa carta com a triste notícia do que tinha havido na minha casa estavam elas bem mal. Mas agora já vão melhor felizmente.


Mandaram dizer que já andavam em reconstrução. Peço-vos que mandem dizer quanto gastaram e se as paredes ficaram arroinadas e se os estragos foram muito grandes.


Outro assunto: apenas mandei preguntar em que data se pagava o seguro e não para vocês o pagarem, pois que, eria saber para lhes mandar o dinheiro.


O meu cunhado António deve entrar agora no dia 20 dêste mês com o primeiro mês de renda da casa. O dinheiro do mês passado foi para ele pelo arranjo do pátio e a limpeza da casa e outras despesas.


Então os estragos por aí foram grandes não? por aqui foi uma miséria mas aidiante não vale apena lamentar nos porque não nos vale de nada.


Sem mais, recomendações para todos os meus irmãos e sobrinhos e vocês recebam um grande abraço deste vosso filho.


Pedro Pereira Graça”



“A minha família também se recomenda muito e recebam também muitos beijos da Alda”





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quarta-feira, 21 de outubro de 2009

08 - “…lamento que tu não procures aprefeicuarte mais na escrita.”





O remetente:


Remetente Pedro Pereira Graça


Reduto Norte Sala n.o 11


Caxias


O destinatário:


Ex.o Sr.


António Pereira Graça


Fábrica de Vidros Melo


Marinha Grande


O conteúdo:


“Caxias – 11-02-1939


Meus pais desejo a vossa saude e de todos os meus irmãos, eu fico bem de saúde.


Recebi a vossa carta escrita a 8 do corrente. Dizem-me que a minha filha continua na escola; muito bem, isso satisfaz-me bastante. Eu pedia ao Vitorino para a contrular e ao mesmo tempo obrigá-la estudar; pois que, de contrário, nunca consegue aprender nada.


Perguntam-me pelo Álvaro Cabral e pelo Manuel Bartolomeu, este está junto comigo e o Cabral está noutra prisão, no Aljube.


Quanto ao arrendamento da casa; então que sociedade é que arrenda?


Na sua carta nada me dizem se o meu cunhado Manuel já entregou o resto do dinheiro; do mesmo modo também nada dizem quanto dinheiro aí tenho. Claro está, que ao querer saber isto, não é por desconfiar de vos, mas sim, para saber alguma coisa da minha vida.



Manuel, pedes desculpa por a tua carta vir tão mal escrita! Escusado pedir desculpa porque ninguém é obrigado a fazer aquilo que não sabe. Contudo, devo dizer, que lamento que tu não procures aprefeicuarte mais na escrita. Eu conheço crianças com um ano de escola que procuram escrever melhor e mais compriencivel que as tuas cartas. Isso só revela a tua pouca atenção e o não te quereres preocupar.


Não julgues que ao dizer isto te queira mal; pelo contrario; o que queria é o aprefeicoamento, e tu tens tempo suficiente para te aperfeiçoar mais.


Por hoje nada mais, dêm recomendações a todos os amigos e voces e os meus irmãos recebam um saudoso abraço igualmente dêm muitos beijos há minha filha.


Pedro Pereira Graça


Adeus”





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terça-feira, 20 de outubro de 2009

07 - “Lembra-te que não tenho ninguém…”


O destinatário:

Ex.mo Sr.º

Manuel Pereira Graça

Soldado n.º11 da 1.ª Bataria do Regimento de Artelharia da Costa n.º 1

Cuartel de Linda-a-Velha

O conteúdo:

“Estoril – 19-05-1932

António

Estimo que esteijas de saude que eu voou indo.

Com respeito a Domingo é melhor vires ter hão Estoril para irmos primeiro a Cascais e depois seguimos então para a Parede. Olha está cá ai pelas 4 horas sei falta.

Denos que vi daí não posso senão pensar em ti e de noite e de dia sou tu, é que me fizes-te assim sofrer pelo grande amor que tenho

Não posso viver assim antes quero morrer que sofrer algum desgosto teu. o Pensa bei no que dizeste a ultima vez que falaste comingo. Lembra-te que não tenho ninguém que sou uma infliz se tu me deixas morro porque eu não posso viver assi o amor é tanto que faz falar assim.

Agoura não te esqueças de vires- De termino enviando-te recomendações da minha companheira e tu recebe muitas saudades desta que só há morte te esqueserá.

Maria Do Carmo

N

Adeus até Domingo”





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segunda-feira, 19 de outubro de 2009

06 - “…ele que não diga nada a ninguém do que é passado.”



O destinatário:


Exº. Snr.


António Pereira Graça


Fábrica de Vidros – (Melo)


MARINHA GRANDE


O conteúdo:



“Linda-a-Velha – 08-05-932


Meu pai


Muito estimo que esta carta os vá encontrar de saúde que eu bem felismente.


Então o Tonecas tirou um número baixo talvez não tirasse tão baixo como eu que foi o 11.o tínhamos que ficar ao serviço 31 o.


Eles no dia 29 do corrente já juram bandeira e no outro dia são logo distribuídos para onde devem ir.


Pergunta quando vou ao certo isso não sei mas os que e não teem castigo devem ir no 1.o dia ou no 2.o, e também sou 3.o na atinguidade cá no meu quartel. Por isso talvez no 1.o dia saia.


Eu estou a fazer conta de ir comprar um macaco para levar vestido o mais já tenho tudo para levar então diz que quere vir cá, então é para passear cá alguns dias ou é para seguir logo, então se fizer conta de cá vir mande dizer ao certo para eu saber e o ir esperar se vier.


Se o licenciamento comessasse no fim da semana podia tirar o bilhete de ida e volta assim não o primeiro dia é a uma terça feira não pode tirar bilhete de ida e volta, mas se vier alguma coisa se tem que arranjar.


Fui já buscar a camisa não parece a mesma está boa.


Diga ao Pedro Oliveira que espere pelo bilhete postal que eu disse que escrevia e ele que não diga nada a ninguém do que é passado.


Termino enviando recomendações para todos os visinhos e para a cunhada e para os meus irmãos e para a mãe e para si igualmente.


António Pereira Graça


O Abrantes que encha as cartas só mando 3 ou 4 palavras e pronto.


Adeus até Junho”





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domingo, 18 de outubro de 2009

05 - “…escreve-me na volta do correio só duas linhas…”

O destinatário:

Ex.º Sr.º


António Pereira Graça


Fábrica Melo


Marinha Grande


O conteúdo:


“Estoril – 15-02-1932


António


Peço-lhe que me mande dizer se a carta que me mandou é a sério ou não? Porque nunca pessei que me fize-se sofrer tanto. Escrevia-lhe e não me respondeu; sempre penssei que fosse por carnaval. António se vos você ses queria a creditar-se em ordinários não viesse fala comingo você já sabia mouto bem a minha infliz sorte; e então não viesse desgrassar-me mais. Tanta vez te disse António que me deijasses e tu que me dizias parecia que me metias no coração para agoura no fim de eu te amar tanto de eu te trazer só no meu coração de eu sofrer tanto por ti e vou sofrendo. Escreves-me aquelas letras que para mim são de morte. Lembra-te que se eu não fosse tão sincera tão amável tão inliz não me fazias sofrer.


António podes-te convensser de tudo quanto eu te disse e não do que te dizei é só para tu não falares comingo. Mas; podes convencer que eu prefuiro morrer perto de ti não longe. Nei que seja junto a uma parede mas serei sempre tua até há morte. Porque só tu é que fizes-te o meu coração ganhar-te um amor sincero um amor louco e tu tanto o fazes sofre. Amor lembra-te dele que tanto te ama e sofre por ti. Só peço a Deus que com a verdade que essa chente fala assim medre. Se não te querias acreditar de mim não me pereseguisses.


Amor só te peço que me escrevas na volta do correio para este coração ficar mais aleviado que tanto pulssa por ti e o teu não é sincero para ele só estava bem era junto dele e está tão longe. Mas breve irá para perto dele antes quero que tu me mates que me fassas sofrer assim sequer ao menos já não te vejo já não lei as tuas cartas que tanto me fazei sofre e já não pesso em ti vou para o descansso.


Meu amor? Meu adorado?


Lembra-te de quei tanto sofre e vai sofrendo escreve-lhe sequer só duas letras manda-me dizer quando veis que te quero ir visitar já que tu não gostas de me vir ver pois eu só estava hei sempre bei sempre contigo ao pé de mim.


Pois podes querer que este coração morrerá só por ti por mais ninguei. Amor só me sinto bei quando estou sozinha para ler as tuas cartas para dezabafar há vontade assim como agoura que já são 2 horas e eu sei sono nenhum só em pensar em ti Amor. Não se passa uma hora no dia que eu não chore só se não posso mas o meus olhos o dizei falão como gente endicão o coração.


Sempre trizte roubas-te-lhe o resto da alegria por isso não o deixes sofre mais escreve-me na volta do correio só duas linhas e manda-me dizer quando veis. Quando será o dia que eu então posso dezabafar há vontade que possa falar contigo que te possa abraçar para te ver para me dizeres o que acabas-te de saber.


António manda-me dizer se estás de saude que tanto deseijo de saber e tu de mim não te emportas. Mas Amor vê bei que eu que te amo e amarei até morrer só então se acabará tudo. Adeus Adeus até há vistas sim?


Mais uma vêz te pesso desculpa de eu te não ter mandado a quilo que tu sabes e perdão perdoa-me sim Amorzinho do meu coração teem dó de mim não tenhas o coração tão douro. Não te esquessas de quei cá fica sofrendo tanto.


Recebe mil beijos e um saudosso abraço muito apertado desta que te ama sempre


Maria do Carmo


Adeus”





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sexta-feira, 16 de outubro de 2009

04 - “Não pesses que eu que sou alguma mulher da vida…”

O destinatário:



Ex.º Sr.º
António Pereira Graça
Soldado n.º11 da 1.ª Bataria do Regimento de Artelharia da Costa n.º 1
Linda-a-Velha




O conteúdo:



Parede – 24-12-1931



Meu querido António



António muito estimo que está minha carta te vá encontrar gozando um perfeita e feliz saude, que eu fico com muitas saudades tuas cada vez são mais



Amor teis um jénio que me faz sofre muito, teis a coragem de estar já há 8 dias, sei me, veres e nem sequer 2 letras parece. Parece que nem teis dinheiro para uma folha de papel e um sêlo. Desculpa de eu te não escrever não é por me não lembra de ti ninguei senão o teu amor. António quem há-te ter coragem e força para trabalhar sei tu me escreveres sequer 2 letras já que não queres vir cá antes de eu ir para o Estoril, vou no Domingo, vê se me escreves antes de eu ir, quero saber se estas de saude ou não, já que tu não queres saber de mim. António podes aranjar quei te ame mas tanto como o meu amor não arranjas; é eterno. Já não me dás aquelas doces falas que tinhas para comigo que me fizão ganhar assim um amor tão porfundo por ti. Amor peço-te que me escrevas ainda antes de eu ir para o Estoril para saber o que ei-de fazer mas se tu podesses cá vir melhor era , queria falar contigo apreceito só assim poderia alegrar a minha dôr peço-te que não te esqueças de que eu nunca me esqueço de ti amor, manda-me dizer se teis ai passado muito frio lembra-me tanto o que tu por ai passaras porque tu amorzinho só me esquecerás quando eu der o ultimo suspiro, só então, poderás dizer, já não pessa em mim, já não sonha comingo, que não se passa uma só noite, que eu não sonho contigo. Mas tu já te não lembras de mi, de quei, tanto te ama e queria ver, só assim poderia aleirar o meu coração que só pensa em ti amorzinho?



Já não te esquece e por ti há-de morrer. António a semana passada todos os dias foi para o Estoril não se passou um dia que não chorasse por tua causa por mais ninguei o meu amor é tão porfundo por ti para tu assim o fazeres andar a sofrer tanto.



Amorzinho põe bem mão na tua edeia penssa bem como este coração há-de andar triste não é assim. Não pesses que eu que sou alguma mulher da vida que não sou; lá por ter a trizte sorte ainda me sei qulucar. O meu coração só penssa em ti em mais ninguei. Eu não fasso como algumas que tu bem deves de pensar que o meu amor e só para ti.



Já são 2 vezes que o Lucas cá vei e ti teis a coragem nem de me mandares saudades sequer. Já me perdes-te o amor que parecias ter para comigo, era falsso, pois o meu é sincero. Lembra-te de mim não te esquessas de quei te ama tanto e nunca se esquece de ti. De quei não tem



Recebe as mais ternas saudades muitos beijos e um abraço desta que fica anciousa por te ver.



M. D. C.



Adeus até há vista



Se não poderes cá vir escreve-me sei falta na volta do correio.”



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quinta-feira, 15 de outubro de 2009

03- “…não to havia de dizer mas ele assim premite …”

O destinatário:


Ex.º Sr.º
António Pereira Graça
Soldado n.º11 da 1.ª Bataria do Regimento de Artelharia da Costa n.º 1
Reduto Sul
Caxias




O conteúdo:


Parede – 21-10-1931


Querido António


Cá recebi a tua tão amável carta que para mim fui uma algria. Estimo que estas simples palavras te vão encontrar de saúde que é o que eu mais estimo que eu fico bem.


Desculpa em eu te não ter escrito no mesmo dia porque não tive ocasião não penses que é por eu não me lembrar de ti não. Olha não se passa um momento que eu não me lembre de ti trago-te sempre na minha edeia


Mandas-te-me perguntar se eu tinha gosado muito Domingo. Nei fazia-mos de conta de sair porque a Catarina não vei ma a senhora fui-nos pedir para a gente irmos a um recado e que era casa da costureira foumos passar há porta da Constança e ela lá estava mais a companheira há vossa espera. Manda-me dizer se o compremisso no Domingo fui grande. Não o meu goso não fui nenhum só tristeza por estar tão longe de quei eu estimo mais. Agoura tu é que devias de ter gosado.. Para mim êsse amor com que me tratas parece-me um sonho. Mandas-te-me pedir a fotografia já te disse que não tinha nenhuma mas quando eu tirar ta mandarei com tudo gosto. Agoura por eu te não mandar a minha não deixas de me trazeres-a tua.


Peço-te para cá vires no Domingo sem falta que háde estar tão longe de ti tanto tempo sempre vais para Setúbal, tive pouca sorte não é assim amor.


Olha na terça-feira quando a minha patroa me em tregou as cartas disse-me que era a sorte grande que vinha lá dentro. Não podes por na tua edeia o amor que eu te tenho não to havia de dizer mas ele assim premite soute sincera para contigo e sarei até há hora da morte.

Agora Com isto determino porque são horas de me deitar estou com muito sono.


Enviu-te comprimentos da Constança e tu recebe mil felicidades e um aperto de mão desta que te ama


Maria do Carmo


Adeus Adeus até Domingo

Adeus não te esqueças da Fotografia




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quarta-feira, 14 de outubro de 2009

02- “…pois quando tu escreveres escreve bem a palavra Caxias…”



O remetente:



De António Pereira Graça
Soldado n.o11 da 1o Bataria do Regimento de Artelharia da Costa n.o 1
Caxias



O destinatário:



Ex.Ma Sen.ra
Alda Peres Morais
Fábrica Santos Barosa
Marinha Grande


O conteúdo:



Caxias 19-10-1931


Alda



Mesmo hoje recebi tua carta e vi o que me dizias, pois estimo que te encontres de saúde que eu igualmente.



Não sei nem posso saber por qual á a razão que esta carta só veio hoje, eu já pensava mel em não ter correspondência tua, julguei que tivesses outro pretendente que te agradasse mais, do que eu, com franquesa que já não fazia conta com carta tua. E tu sabes qual foi a demora, foi aí e foi em Cascais, porque tu não escreveste Caxias como devias tanto que os empregados dos correios escreveram a palavra Caxias de novo pois quando tu escreveres escreve bem a palavra Caxias.



Olha agora só posso sair de 15 em 15 dias ainda só saí um dia só foi quando fui a Parede e quando nós jantamos já é de noite passasse o tempo muito depreça.



Mandas-me dizer se tês trabalhado muito a fazeres o teu enxoval como eu te disse. Eu depois quando ai for mostro-te a carta para tu veres como ela vem, trás 6 carimbos vem toda preta.



Diz-me se a festa foi bonita e se houve baile e se dançaste muito. Sim?



Olha já lá não posso ir até acabar o tempo gostava de ir passar o 31 de Janeiro e o carnaval, e mesmo tu também não gostas que eu lá vá outra vez e eu não me rala seja o que for.



Dizes que não compreendes o que eu quero dizer com aquilo que te mandei dizer, quero que tu mandes para mim o que tu não queres para ti, e se não mandares agoras saibas que eu que faço como fazia dantes.



A outra carta pedite para escreveres logo tu não fizeste isso pois não: mas quarta feira quero receber cá carta tua se não receber já sabes o que te acontece é levares um abraço e beijos. Recomendações para quem perguntar por mim o tu o que quiseres. Adeus até para o ano que vem. Sim.”





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terça-feira, 13 de outubro de 2009

01- “…atrevo-me a confessar-lhe a minha forma de viver…”

Num papel solto:

“30-03-1930

Senhora



Ao vê-la, fez despertar na minha alma, um profundo sentimento de amor. Desde então que a vi a primeira vez, o meu coração sentiu-se magoado pela sua vontade, e como era impossivel a minha alma conservar-se neutral; atrevo-me a confessar-lhe a minha forma de viver, e declaro-lhe o amor profundo que sinto por V. Ex.a.

Desde que V. Ex.a queira seguir o caminho da felicidade, agradeceria da milhor vontade, e com o macimo respeito a resposta que nos leve ao caminho da liberdade.

Espero uma resposta que seja prometedora da continuação do amor pedido.


Sem mais. Sou eu.


António P. Graça Sobrinho”




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