sexta-feira, 23 de outubro de 2009

10 - “Ia custando ma foi.”


O remetente:

Pedro Pereira Graça

Bairro Santa Catarina, n.o 11, 1o D.t Dafundo

Lisboa

O destinatário:

Ex.o Sr.

Manuel Pereira Graça

Fábrica de Vidros Melo

Marinha Grande

O conteúdo:

“Lisboa 1/12/1941

Manuel antes de tudo estimo a saúdos nossos pais assim como a restante família incloindo tu também.

Manuel já com esta é a 3.a carta que vos escrevo, sem que, me dei resposta a nenhuma. O motivo porque vocês o têm feito e continuem a fazer não sei nem posso saber. Há momentos que pregunto a mim mesmo se anida tenho família na terra, pois que, há 3 ou 4 longos meses que não tenho notícias de vós, por isso não sei se são vivos ou mortos.

A que se deve esta auxência de correspondência? Pela minha parte não sei dezer. Às 3 cartas que escrevo, creio ser o suficiente para ter demonstrado que anido os não esqueci. Porem, parece-me que da vossa parte tal se não dá, porque ainda que durante este tempo não tevesse escrito, já teriam o dever de o ter feito a saber o que havia da minha parte e as razões porque não escrevia. Mas 3 cartas é alguma coisa e 3 ou 4 meses também é muito tempo embora pareça que não.

Nas cartas que escrevi pedia para que, mandássem dizer o que havia quanto ás contas e despesas da casa, isto é, tudo quanto havi, mas até agora ainda nada sei sobre o assunto. Por isso vos peço que quando resolverem escrever digam alguma coisa sobre esta questão.

Sem mais, muitos cumprimentos para toda a família, um abraço para o pai outro para mãe e tu recebe também um assim como a Josefina e a Alda também recomendo

A minha Isabel começou agora a andar. Ia custando ma foi. Já está bem cara mas tenho-lhe feito pela vida tudo quanto era possível a um pai.

Como vai por ai a vida? Por aqui tudo muito mau mas vamos indo enquanto Deus quiser.

Pedro Pereira Graça”





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