domingo, 18 de outubro de 2009

05 - “…escreve-me na volta do correio só duas linhas…”

O destinatário:

Ex.º Sr.º


António Pereira Graça


Fábrica Melo


Marinha Grande


O conteúdo:


“Estoril – 15-02-1932


António


Peço-lhe que me mande dizer se a carta que me mandou é a sério ou não? Porque nunca pessei que me fize-se sofrer tanto. Escrevia-lhe e não me respondeu; sempre penssei que fosse por carnaval. António se vos você ses queria a creditar-se em ordinários não viesse fala comingo você já sabia mouto bem a minha infliz sorte; e então não viesse desgrassar-me mais. Tanta vez te disse António que me deijasses e tu que me dizias parecia que me metias no coração para agoura no fim de eu te amar tanto de eu te trazer só no meu coração de eu sofrer tanto por ti e vou sofrendo. Escreves-me aquelas letras que para mim são de morte. Lembra-te que se eu não fosse tão sincera tão amável tão inliz não me fazias sofrer.


António podes-te convensser de tudo quanto eu te disse e não do que te dizei é só para tu não falares comingo. Mas; podes convencer que eu prefuiro morrer perto de ti não longe. Nei que seja junto a uma parede mas serei sempre tua até há morte. Porque só tu é que fizes-te o meu coração ganhar-te um amor sincero um amor louco e tu tanto o fazes sofre. Amor lembra-te dele que tanto te ama e sofre por ti. Só peço a Deus que com a verdade que essa chente fala assim medre. Se não te querias acreditar de mim não me pereseguisses.


Amor só te peço que me escrevas na volta do correio para este coração ficar mais aleviado que tanto pulssa por ti e o teu não é sincero para ele só estava bem era junto dele e está tão longe. Mas breve irá para perto dele antes quero que tu me mates que me fassas sofrer assim sequer ao menos já não te vejo já não lei as tuas cartas que tanto me fazei sofre e já não pesso em ti vou para o descansso.


Meu amor? Meu adorado?


Lembra-te de quei tanto sofre e vai sofrendo escreve-lhe sequer só duas letras manda-me dizer quando veis que te quero ir visitar já que tu não gostas de me vir ver pois eu só estava hei sempre bei sempre contigo ao pé de mim.


Pois podes querer que este coração morrerá só por ti por mais ninguei. Amor só me sinto bei quando estou sozinha para ler as tuas cartas para dezabafar há vontade assim como agoura que já são 2 horas e eu sei sono nenhum só em pensar em ti Amor. Não se passa uma hora no dia que eu não chore só se não posso mas o meus olhos o dizei falão como gente endicão o coração.


Sempre trizte roubas-te-lhe o resto da alegria por isso não o deixes sofre mais escreve-me na volta do correio só duas linhas e manda-me dizer quando veis. Quando será o dia que eu então posso dezabafar há vontade que possa falar contigo que te possa abraçar para te ver para me dizeres o que acabas-te de saber.


António manda-me dizer se estás de saude que tanto deseijo de saber e tu de mim não te emportas. Mas Amor vê bei que eu que te amo e amarei até morrer só então se acabará tudo. Adeus Adeus até há vistas sim?


Mais uma vêz te pesso desculpa de eu te não ter mandado a quilo que tu sabes e perdão perdoa-me sim Amorzinho do meu coração teem dó de mim não tenhas o coração tão douro. Não te esquessas de quei cá fica sofrendo tanto.


Recebe mil beijos e um saudosso abraço muito apertado desta que te ama sempre


Maria do Carmo


Adeus”





Bookmark and Share
Imprimir artigoGuardar como PDF

Sem comentários:

Enviar um comentário

Post-Scriptum