sexta-feira, 16 de outubro de 2009

04 - “Não pesses que eu que sou alguma mulher da vida…”

O destinatário:



Ex.º Sr.º
António Pereira Graça
Soldado n.º11 da 1.ª Bataria do Regimento de Artelharia da Costa n.º 1
Linda-a-Velha




O conteúdo:



Parede – 24-12-1931



Meu querido António



António muito estimo que está minha carta te vá encontrar gozando um perfeita e feliz saude, que eu fico com muitas saudades tuas cada vez são mais



Amor teis um jénio que me faz sofre muito, teis a coragem de estar já há 8 dias, sei me, veres e nem sequer 2 letras parece. Parece que nem teis dinheiro para uma folha de papel e um sêlo. Desculpa de eu te não escrever não é por me não lembra de ti ninguei senão o teu amor. António quem há-te ter coragem e força para trabalhar sei tu me escreveres sequer 2 letras já que não queres vir cá antes de eu ir para o Estoril, vou no Domingo, vê se me escreves antes de eu ir, quero saber se estas de saude ou não, já que tu não queres saber de mim. António podes aranjar quei te ame mas tanto como o meu amor não arranjas; é eterno. Já não me dás aquelas doces falas que tinhas para comigo que me fizão ganhar assim um amor tão porfundo por ti. Amor peço-te que me escrevas ainda antes de eu ir para o Estoril para saber o que ei-de fazer mas se tu podesses cá vir melhor era , queria falar contigo apreceito só assim poderia alegrar a minha dôr peço-te que não te esqueças de que eu nunca me esqueço de ti amor, manda-me dizer se teis ai passado muito frio lembra-me tanto o que tu por ai passaras porque tu amorzinho só me esquecerás quando eu der o ultimo suspiro, só então, poderás dizer, já não pessa em mim, já não sonha comingo, que não se passa uma só noite, que eu não sonho contigo. Mas tu já te não lembras de mi, de quei, tanto te ama e queria ver, só assim poderia aleirar o meu coração que só pensa em ti amorzinho?



Já não te esquece e por ti há-de morrer. António a semana passada todos os dias foi para o Estoril não se passou um dia que não chorasse por tua causa por mais ninguei o meu amor é tão porfundo por ti para tu assim o fazeres andar a sofrer tanto.



Amorzinho põe bem mão na tua edeia penssa bem como este coração há-de andar triste não é assim. Não pesses que eu que sou alguma mulher da vida que não sou; lá por ter a trizte sorte ainda me sei qulucar. O meu coração só penssa em ti em mais ninguei. Eu não fasso como algumas que tu bem deves de pensar que o meu amor e só para ti.



Já são 2 vezes que o Lucas cá vei e ti teis a coragem nem de me mandares saudades sequer. Já me perdes-te o amor que parecias ter para comigo, era falsso, pois o meu é sincero. Lembra-te de mim não te esquessas de quei te ama tanto e nunca se esquece de ti. De quei não tem



Recebe as mais ternas saudades muitos beijos e um abraço desta que fica anciousa por te ver.



M. D. C.



Adeus até há vista



Se não poderes cá vir escreve-me sei falta na volta do correio.”



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