segunda-feira, 23 de novembro de 2009

17 - PROPORÇÕES ESTRATÉGICAS


EMBAIXADA BRITÂNICA

BOLETIM DE INFORMAÇÕES

SECÇÃO DE IMPRENSA – RUA DE S. DOMINGOS Á LAPA, 26 – LISBOA

N.º 253.

25/10/43

“PROPORÇÕES ESTRATÉGICAS”

No próprio dia em que os americanos desembarcavam na África do Norte, exactamente no dia 8 de Novembro de 1942, Rudolf Kirchmer, um dos mais sérios comentadores da imprensa nazi, consagrava no “Frankfurter Zeitung” um interessante artigo sôbre as “proporções estratégicas” desta guerra. A sua intenção era demonstrar que os anglo-americanos “se iludiam” sôbre “o plano estratégico” que tinham e que era inteiramente fora de proporções. Pelo contrário – dizia – “o plano de guerra alemão executa-se desde o princípio com uma lógica automática”.

As surpresas que sobreviessem – como a resistência britânica e a resistência russa – causaram, segundo o jornalista nazi, uma mudança – unicamente no ritmo, mas não na linha fundamental.

Da mesma forma que “o aspecto geral da guerra continuava imutável”, os “êxitos locais” não eram de alcance bastante para modificar a situação. Êstes “èxitos locais” sem importância eram os alcançados pelo 8º Exército Britânico no Egito. O facto de Rommel ter retirado um pouco tinha sòmente “uma importância limitada”. O “essencial” era que a “supremacia militar das potências do Eixo na Líbia ficasse intacta”. Por outro lado, entre o Delta do Nilo e a Tripolitânia, havia um “imenso território”, e enquanto os inglêses não alcançassem Tripoli, não tinha importância o avanço dêles no deserto.

O jornalista nazi concluía: “Na África a proporção estratégica não é determinada por um plano, ou por um êxito anglo-americanos, mas unicamente pela acção das potências do Eixo.”

No momento em que estas linhas apareceram, a situação na África do Norte já sofrera uma mudança radical, após o desembarque americano. E depois com os “êxitos locais” do 8º Exército Britânico transformados em grandes vitórias, chegou-se a pôr a Itália fora de combate. E as acontecimentos demonstraram que o único verdadeiro plano éstratégico era aquêle de que Winston Churchill falou com firme e legítimo orgulho no seu último discurso na Câmara dos Comuns, isto é, a libertação do Mediterrâneo. Ao passo que o plano alemão era o célebre “plano Rommel” na “defesa elástica”.

Hoje são os alemães que perderam completamente o sentido das “proporções estratégicas”, ao conseguirem a “libertação” de Mussolini, dando-lhe a importância de um acontecimento capaz de alterar o curso da guerra!



Bookmark and Share Imprimir artigoGuardar como PDF

Sem comentários:

Enviar um comentário

Post-Scriptum